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terça-feira, 29 de março de 2011

Gritos do Rio Uruguai.

O que buscamos da pele do Rio Uruguai que lhe exige tanto, que lhe cobra a vida se toda a riqueza de suas águas ela sempre generosamente entrega? Rio Uruguai, por que não gritas? O que queremos do sangue do Rio Uruguai se lhe poluímos a seiva e lhe tiramos as suas matas E a fartura de peixe que ali existia? Se lhe furtamos o equilíbrio numa destruição feroz e até o seu amigo sol transformado em algoz? Rio Uruguai, por que não gritas? O que pretendemos dos ossos do Rio Uruguai se lhe quebramos a estrutura e lhe provocamos horrendos aleijões na ânsia incontida de pobres riquezas? Rio Uruguai, ainda assim, por que não gritas? O que oferecemos à geração futura que brinca de morte e semeia tristezas destrói a tua água fresca que ainda bebemos que a dor não comove e a violência é de graça? Rio Uruguai, não crê que ainda gritar? Fostes o orgulho dos nossos antepassados Fostes música sonora rumo ao mar se combalido na essência, só pode gritar E quase não há ouvidos e consciências que possam compreender e salvar? Rio Uruguai, você vai se vingar? O que será do amanhã do Rio Uruguai pai indefeso de tantos filhos carrascos que não vêem suas lágrimas misturadas às enchentes que não escutam de tuas águas murmurantes os seus gritos de dor? Rio Uruguai, você será capaz de perdoar? Filhos cegos e surdos, até onde, até quando vão tropeçar nas cicatrizes e nas feridas desse pai em permanente estentor Até onde e até quando eu ainda lhe serei guarida? E, quando o já esperado acontecer, quanto valerá a sua vida? (Autoria: Juraci Luques Jacques, Presidente da Comissão Binacional do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis).

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